quarta-feira, 25 de junho de 2008

A Outra (The Other Boleyn Girl)

Uma palavra para descrevê-lo: mamerda!
Isso é que dá dar asas a quem não sabe voar.
Justin Chadwick, acostumado a dirigir obras shakesperianas para novelas e séries para a BBC, ficou completamente perdido ao ter que comprimir um livro de 400 páginas em 115 minutos de filme que, sinceramente, parecem durar uma eternidade.
A história foi destorcida de tal maneira que Philippa Gregory, autora do romance, se arrependeu amargamente de ter cedido o seu romance para a adaptação, ou pelo menos deveria. Se eu, mesmo sendo fascinada pela dinastia Tudor, tivesse visto o filme antes de conhecer o livro, definitivamente, jamais o leria.
Andando no ritmo de um seriado, o filme não prende a atenção do espectador a não ser nos últimos 10 minutos, em que se passa uma cena tão forte e tão aterrorizante, que qualquer amador seria capaz de deixar o público chocado.
O bom elenco fez atuações indiferentes, não por falta de talento, mas devido à distorção de personalidade sofrida pelas personagens.
Ana Bolena deixa de ser uma mulher excepcional, astuta e soberba e é retratada como uma mulher baixa e descontrolada. Do começo ao fim do filme, só em uma cena é possível ter um breve deslumbre de quem ela realmente foi. Maria é levemente parecida com a original: insossa e influenciável. George, personagem interessantíssimo, aparece em umas duas cenas. E o principal: não é apresentada a evolução do poder de Henrique VIII, como ele passou de um rei justo, amável e submisso à Ana para um soberano absolutista. No filme, ele a odeia mesmo antes do casamento, chegando quase a estuprá-la, o que nunca aconteceu. Pelo contrário, ela o tinha em suas mão graças à paixão que ele sentia por ela.
Então você pensa, um filme que se passa em plena corte inglesa do século XVI, no qual foram gastos 35 milhões de dólares e que teve Sandy Powell como figurinista, ganhadora do Oscar por obras primas como Shakespeare Apaixonado, Gangues de Nova Iorque, Aviador e Os Infiltrados deve ter um bom figurino pelo menos. Ledo engano meus caros, as roupas deixam a desejar, as irmãs Bolena se vestem sempre iguais no filme, sempre o mesmo vestido pobre de cetim, que parece que foi tingido de acordo com cada cena do filme.
E a trilha sonora... parecia música ambiente retirada de um cd qualquer.

Se quiser ver uma boa trama, assista The Tudors, a série. Você não vai se arrepender. E não pense que eu não gostei do filme porque sou fã do livro, nada disso. É ruim mesmo.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

A irmã de Ana Bolena (The other Boleyn Girl)

Um romance que retrata a vida de Ana Bolena e a corte dos Tudor do ponto de vista da doce irmã de Ana, a esquecida Maria Bolena.
Maria frequentava a corte dos Tudor desde os treze anos, quando havia se casado com Sir William Carrey. Após a chegada da sua irmã, o rei Henrique VIII passou a se interessar por Maria. Logo os membros da família Bolena, conhecidos de longa data por serem oportunistas capazes de tudo para ascenderem politicamente e entregarem suas jovens como se fossem mercadorias a serem negociadas, se mobilizaram pra traçar um plano que levaria Maria à cama do rei em troca de títulos e propriedades. Maria se apaixona pelo rei e este por ela. Ela teve dois filhos dele, uma menina e um menino. A rainha nada podia fazer a não ser sofrer enquanto seu marido se divertia. Mas durante o resguardo da segunda gravidez, o rei volta sua atenção para a Ana e deixa Maria de lado, ao mesmo tempo que Maria também só pensa em seus filhos e esquece Henrique. A família novamente se reune para planejar a negociação, porém Ana não quer ser apenas mas uma das amantes do rei. Ela deseja se tornar a nova rainha da Inglaterra e para isso está disposta a passar por cima de qualquer um que se interpuser em seu caminho, até mesmo os membros de sua família. Seu lema era "doa a quem doer". Seu temperamento explosivo e sua graciosidade inigualável logo conquistaram o rei e a corte. Com a condição de se casar virgem e com seu poder de persuasão, ela ascende tornando-se Marquesa de Pembroke, afasta a rainha do trono dando início a um processo que resultou na criação da Igreja Anglicana, elimina seus inimigos, conspira com o rei e o convence de seu poder absoluto guiado e abençoado por Deus, transformando-o no rei ícone do absolutismo na Inglaterra.
O rei é excomungado, a rainha é expulsa do trono e Ana é coroada rainha consorte. Mas ela não tem o apoio do povo, que a ofendia por onde quer que ela fosse, chegando a ocorrer em Londres a manifestação de 8 mil mulheres a favor de Catarina de Aragão. Ana não só rompeu coma Igreja, mas revolucionaou a instituição do casamento em si. Se a própria rainha podia ser descartada e humilhada, então nenhuma esposa estava segura de sua posição.
Após o nascimento de uma filha e vários filhos abortados, o mesmo poder que Ana fez o Rei acreditar que possuía, o fez condená-la por traição, adultério, feitiçaria e incesto. Junto com ela foram executados seu irmão George Bolena e cinco amigos próximos do rei, acusados de serem seus amantes.
Mesmo sabendo o desfecho da história, o livro conseguiu me chocar. É espantoso como um homem outrora tão justo, se transformou num monstro quando alcançou poder ilimitado. E como essa mulher, com seus sortilégios e gênio difícil, conseguiu manipular um rei a ponto de persuadi-lo a romper com nada mais nada menos que a Senhora Igreja Católica. E mesmo assim não encontrou felicidade na vida. Quando era jovem, foi obrigada a se separar de seu único amor, Henry Percy. Teve uma vida repleta de falsidade, onde cada gesto seu seu era cuidadosamente premeditado com o intuito de impressionar a todos. Em 1000 dias passou de rainha da Inglaterra a prisioneira na torre de Londres, decapitada como um traidor vil. Tudo indica que Ana nunca cometeu adultério, já feitiçaria...
Maria se casou por amor com um fazendeiro e viveu uma vida tranquila no campo com seus filhos.





Em breve, um post sobre o filme "A Outra" inspirado nesse romance. Com Scarlet Johanson como Maria, Natalie Portman como Ana Bolena e Eric Bana como Henrique VIII.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Once


MARAVILHOSO!!!

Um romance realista, sem idealismos, sem utopias e belíssimo.
A história de um homem e uma mulher que se conhecem num café em Dublin. Ele conserta aspiradoes de pó, ela vende flores e limpa casas. Sem grandes expectativas na vida e com sonhos frustrados, eles são perfeitos um para o outro, mas as circunstâncias não permitem que eles permaneçam juntos. Ele tem o sonho de se tornar um grande cantor e com ela, que toca piano, descobre uma parceira para compôr suas músicas.
Com atuações impressionantes, fotografia que capta o clima de realidade e um roteiro comovente, o filme é repleto de música e sensibilidade.
Um filme imperdível!!!
Detalhes: as personagens principais não têm nome, o filme foi feito com duas câmeras de mão, custou mil libras e ganhou o Oscar de melhor canção.


(Ouça a trilha sonora em http://www.foxsearchlight.com/once/)

My Blueberry Nights

Não é uma história de amor. É um filme sobre pessoas e suas angústias.
Wong Kar Wai explora a fundo a natureza humana ao retratar personagens em crise com seus próprios sentimentos. Seja a garota que levou um fora do namorado, o alcólatra que foi deixado pela mulher ou a menina revoltada com o pai, o filme fala com sensibilidade do abandono em si. Da dor que se tem quando alguém que você julga essencial na sua vida resolve deixar de fazer parte dela e só o que resta para você é saudade e frustração.
O filme tem cenas muito muito belas que eu gosto de chamar de fotografia em movimento. São cenas que mostram um semáforo, uma parede de tijolos, enfim, o banal transformado em arte.
Não posso deixar de falar do beijo. Um dos melhores na história do cinema, na minha opnião.
E a trilha sonora é belíssima. Como já era esperado, Norah Jones dá um show cantando e atuando. O filme tem uns momentos de silêncio interessantes e inovadores.
E o Jude Law?! Ele não existe! Você, se for menina lógico, sai do cinema nas nuvens, querendo saber que dimensão é essa em que caras românticos e lindos como a personagem de Jude Law se apaixonam por insossas como a Norah Jones. Eu não sei vocês, mas eu quero ir pra lá!


(Confira a cena do beijo em http://www.youtube.com/watch?v=Kx9nWdDRp1s)


segunda-feira, 28 de abril de 2008

Quebrando a Banca (21)


Um filme divertido, bem estruturado e inteligente.
Ben Campbell é um aluno introvertido e superdotado que cursa o MIT(Massachusetts Institute of Technology) e foi aceito na Faculdade de Medicina de Harvard, mas não tem os simbólicos 300 mil dólares necessários para pagar o curso.
Um professor do MIT recruta seus alunos mais brilhantes e os ensina o know-how a contar as cartas do Black Jack, preverendo quais cartas ainda estão por vir através de métodos matemáticos e a se comunicar através de códigos. Um sistema a princípio infalível. (Para quem não sabe, no jogo de cassino Black Jack, 21 é o número de pontos em que a banca, ou seja, o cassino ganha o seu dinheiro e você perde as apostas. Para o apostador ganhar, a soma deve ser inferior a 21). Eles vão para Vegas todos os finais-de-semana, e são seduzidos pelo estilo de vida de luxo e libertinagem. Após ganhar milhares e milhares de dólares facilmente, Ben acaba se deixando levar pelo excesso de auto-confiaça e extrapola seus próprios limites.
O filme varia de momentos divertidos a tensos com harmonia, fazendo o espectador não tirar os olhos de cada carta retirada do baralho. E lembrem-se: What happens in Vegas, stays in Vegas
Destaca-se a atuação de Jim Sturgess (Ben), guarde este nome, porque ele veio para ficar, Laurence Fishburne e Kevin Spacey.


Datalhes: o filme é baseado numa história verídica e a contagem de cartas, tecnicamente falando, não é ilegal. Pena que o meu Q.I. não é lá essas coisas.



terça-feira, 22 de abril de 2008

2 dias em Paris


Apesar da sugestão do título, Paris não é um cenário fundamental para a trama. Ao contrário de Paris, te amo e O Fabuloso Destino de Amelie Poulain, o filme poderia se passar em qualquer cidade no mundo. A trama surpreende muito. Quando se espera uma história de amor idealizada numa cidade belíssima, encontra-se um relacionamento deteriorado, cheio de crises, onde os dois se conflitam em suas opniões, desejos e manias. Ou seja, o filme mostra um casal realista, em que nem tudo é um mar de rosas e se tem que contar até 10 para não acabar com tudo.


Marion é uma francesa autêntica, que não se importa com relacionamentos passados e liberal como qualquer francesa que se preze. Jack, seu namorado é cheio de obscessões, manias e fobias. Sufoca o que Marion tem de melhor e esmaga a sua personalidade. Quando visitam a terra natal de Marion, Jack se depara com o passado dela antes de conhecê-lo, cheio de ex-namorados e casos, ficando obcecado com a idéia de ele ser apenas mais um homem na lista de Marion, tão irrelevante quanto os relacionamentos passados.
A mensagem principal do filme é clara: Não é só você que tem problemas nos seus relacionamentos. Qualquer interação humana é difícil, ainda mais uma tão íntima quanto a de um casal. Cada pessoa tem um jeito diferente de ver as coisas, cabe a nós aceitá-las do jeito que elas são ou nos esquivarmos de qualquer tipo de relacionamento, porque todos têm momentos felizes e crises. Mas apesar dos altos e baixos, sempre valhe a pena se apaixonar, mesmo que o fim seja marcado por lágrimas e arrependimentos.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

O Tempero do Amor

Mais um romence para pessoas sentimentalóides. Apesar de ser o típico água-com-açúcar onde o mocinho e a mocinha terminam juntos, o romance descreve com maestria o cenário de Roma e as receitas de sua comida passadas através das gerações. O autor leva a descrição dos pratos a um raro patamar, podendo ser comparado a O Perfume de Patrick Süskind, que descreve os aromas ao ponto de você ter a capacidade de imaginá-los mesmo sem os conhecer. Em O tempero, você degusta os sabores e as texturas dos pratos Haute Cousine a cada página e morre de vontade de ir à Itália para se aventurar nas suas cantinas e mercados. A trama não é muito dramática, mas é extremamente previsível. Um bom livro se não houver nada melhor para fazer, se possuir o coração fraco e a imaginação forte.



quarta-feira, 16 de abril de 2008

Eu Blogueira?



Interessante como boas idéias surgem ao acaso.

A idéia me ocorreu durante uma visita ao Blog da Camila, muito bom por sinal. Eu pensei:"Deve ser muito legal ter um Blog, escrever o que der na telha e, ainda por cima, ter gente para ler as abobrinhas". Após alguns minutos de divagação, a idéia evoluiu:"Eu vou poder criticar filmes e livros, fazer piadinhas, comentar notícias... Talvez dê certo".

Me empolguei e o resultado é este que apreensivamente os observa. Meu receio é que o Blog tenha o mesmo efeito do diário: na hora de escrever, tudo parece aceitável; depois, percebe-se que tudo não passou de devaneios e você se depara com a estupidez que habita a sua cabeça.

Se o efeito for o mesmo, peço desculpas pelo tempo desperdiçado. Senão, enjoy...